A ideia de Nicolas Cage lutando contra monstros viscosos em um cenário pós-apocalíptico é intrigante, embora básica. Fãs de Cage, atraídos pela premissa de “Arcadian”, precisam de um alerta imediato: ele é o primeiro nome nos créditos, naturalmente, mas aparece por no máximo 30 minutos, se somarmos todas as suas cenas. Ele fica fora de ação durante todo o segundo ato, machucado, após quase sobreviver a uma explosão subterrânea. E não há muito dele depois disso.
Os dois personagens principais deste filme de ação, terror e sobrevivência são Joseph (Jaeden Martell) e Thomas (Maxwell Jenkins), que são gêmeos e filhos de Cage. Este trio vive por conta própria em uma fazenda no interior da Irlanda, após uma catástrofe indefinida que abriu o mundo para intrusos saqueadores – criaturas horrendas que lembram dinossauros mutantes, que só caçam à noite.
O filme, da equipe do roteirista-produtor Michael Nilon e do diretor Benjamin Brewer, não se preocupa em explicar o que realmente aconteceu ou de onde vieram essas criaturas. E isso é aceitável – somos simplesmente lançados em uma situação em evolução sem perder tempo com histórias antigas.
O problema é com o que temos que perder tempo em vez disso. Esperamos 20 minutos por qualquer atividade assustadora, que só é desencadeada após o anoitecer: quando Thomas cai em uma fenda ao pôr do sol, e Paul, interpretado por Cage, tenta salvá-lo, por exemplo. As cenas diurnas são desprovidas de tensão, a menos que contemos as brigas entre os irmãos.
Enquanto Martell (It; The Book of Henry) está se mostrando um ator promissor e peculiar que consegue dar vida aos seus diálogos, o romance adolescente em desenvolvimento entre Thomas e a vizinha Charlotte (Sadie Soverall de Saltburn) é genérico e sem graça, apenas ocupando o tempo de exibição.
O diretor estreante Brewer foi o supervisor de efeitos visuais em Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo. É nesse departamento que ele se destaca, em vez de dirigir atores ou costurar cenas com continuidade funcional.
As criaturas são ouvidas antes de serem vistas, e por um tempo só partes delas aparecem – longos membros reptilianos que se desenrolam através das portas, estendendo-se até um ponto agulhado.
Elas mudam de forma, batem as mandíbulas como Pac-Man em alta velocidade, e fazem uma manobra combinada – um movimento de rotação em massa em direção à presa – que surge do nada. Às vezes parece que não há limite para suas excentricidades. Mas como não entendemos o que são, o filme não tem stakes, exceto fugir delas.
Brewer também negligencia os maiores efeitos especiais à sua disposição, que são o rosto, a voz e as mãos de Cage. Momentos marcantes para o destaque do astro são escassos: alguns gestos impacientes, no máximo. Arcadian parece mais um favor que Cage está fazendo para os realizadores do que um favor para si mesmo ou para nós.